Desígnio Farmacológico
Com o presente
conhecimento no que concerne aos mecanismos de infecciosidade e patogenicidade
em doenças priónicas, tornou-se possível, mediante investigação orientada em
variadas frentes, equacionar possíveis terapêuticas para as TSE, as quais
visam, principalmente, o prolongamento da fase clínica e, consequentemente, da
esperança média de vida para os pacientes. Assim, o fármaco ideal teria que ser
dotado de capacidade de inibir a replicação de priões, ao bloquear a interacção
entre PrPC e PrPSc, apresentar elevada permeabilidade na barreira
hemato-encefálica, bem como afinidade específica para placas -amilóides.(19) Na maioria dos
estudos efectuados para estudar a reacção aos fármacos a seguir identificados,
foram utilizadas, em cultura, células de linhagem infectada, onde podem ser
identificados agentes que reduzam os níveis de PrPSc.
Terapias adoptadas anteriormente (laboratório e hospitais)
Assim como em
grande parte das neuropatias degenerativas, o tipo de tratamento considerado
evoluiu de acordo com o conhecimento acerca do tema. Mantendo em consideração
que as doenças priónicas era originalmente denominadas ‘viroses lentas’, eram,
igualmente, tratadas como tal; assim sendo, sem resultados efetivos, durante
algum tempo, foram usados compostos semelhantes ao acyclovir ou amantadina para
a enfermidade de Parkinson.(34)
Outros químicos
empregados no controlo sintomático incluem anticonvulsivos como quinacrina e
cloropromazina; analgésicos não-opiáceos, que, em estudos in vitro, garantiram
uma sobre-expressão do oncogene anti-apoptótico bcl-2, envolvido na
neuro-degeneração em TSE (caso/controlo); antioxidantes, devido à relação
comprovada entre doenças priónicas e respostas inflamatórias (inibição de
citocinas); ainda antidepressivos, e outros compostos tricíclicos com cadeia lateral
alifática (Flupirtina); entre outros. A maioria destes tratamentos, além de se
comprovar, empiricamente, inconsequente, acarta um conjunto vasto de
contra-indicações, quando testados, a título de terapia experimental, em
humanos; desde infecções do trato urinário, psicoses, falência hepática,
psoríase e sintomas gastrointestinais.
Hipóteses actuais
De momento, existe
um conjunto de elaborações terapêuticas, algumas ainda por testar, que se pensa
constituírem alternativas viáveis.
O silenciamento de
genes, segundo um método knockout para PrP, com recurso a RNA de interferência,
parece apresentar argumentos para ser usado como principio terapêutico ativo;
encontrando-se ainda por comprovar, visa diminuir/regular o substrato (PrP), em
vez de interferir no mecanismo de mutação proteica.
Outras hipóteses
incluem interferência, por estatinas, propositada, na integridade estrutural de
membranas resistentes a detergentes, ricas em colesterol, as quais são
necessárias à conversão de PrPC; regulação enzimática de cofactores envolvidos
na conversão de PrPC; inactivação ou encapsulação de PrP, com compostos como
Congo Red, Dextran, Sulfato de Heparina, entre outros descritos como com
actividade anti-priónica; e estimulação dos mecanismos endógenos de degradação
de proteínas desnaturadas.(35)
Tabela 9 - Agentes Farmacêuticos aplicados a pacientes humanos.(35)
Mais recentemente,
têm-se estudado abordagens na área da imunoterapia, a partir da transferência,
para outros organismos, de anticorpos gerados em roedores com défice de PrP.
Porém, este método
mostra-se, até agora, pouco eficiente, devido à dificuldade em cruzar a
barreira hemato-encefálica, sendo meramente aplicáveis em situações de infecção
no sistema nervoso periférico.(36) A hipótese original
assenta no pressuposto de que certos tipos de Linfócitos T diferenciados são
capazes de assistir linfócitos B na sua diferenciação em plasmócitos produtores
de anticorpos, ou então de recrutar macrófagos para o SNC e activar células de
microglia para a eliminação de placas de Peyer.
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